sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Da fidelidade

Semana passada um amigo e colega de profissão de uma cidade um pouco distante veio aqui a trabalha com seu sócio e me ligou para tomarmos um café. Sujeito bacana, inteligente, torce pelo mesmo time que eu, desde o dia em que nos conhecemos em um congresso tivemos bastante afinidade um com o outro. O sócio dele também é um sujeito bacana, bastante expansivo, com facilidade em comunicação, sentiu liberdade comigo, talvez por já ter ouvido falar que eu também não tenho muito problema em fazer amizades. Eles também estavam com um outro sujeito mais calado, mas com cara de boa gente.

Fomos para a lanchonete e começamos a conversar sobre outra coisa que não o trabalho. Até que meu amigo perguntou "E sua princesa Vítor, ainda tá sofrendo por ela?" Quando nos conhecemos em 2009, eu já tinha esse meu hábito de a cada 10 palavras 11 serem relacionadas a Ela. Ele sabia que eu amava muito, e sabia também como eu havia sofrido no tempo em que estivemos terminados o namoro. Então expliquei a ele que estávamos juntos, em um processo de revitalização do relacionamento e que eu estava feliz pois Ela, sem dúvidas, é a mulher da minha vida.

Meu amigo, solteirão convicto, brincou que eu era doido, que esse negócio ia dar casamento e aí "já era" que nem o sócio dele que era noivo há não lembro quantos anos, talvez cinco, e já tava passando da hora de "ir pra forca". O sócio então disse "é cara, tem que aproveitar mesmo, mas eu satisfeito, namorar é bom demais, ainda mais com a fulana que é dela que eu gosto e será a última".

Neste momento eu olhei pra ele e vi um irmão em armas, um combatente do mesmo exército que parece tão pequeno, mas que vez ou outra surge de forma inesperada mostrando que ainda existem românticos mundo afora. Sempre soube que não estava sozinho, mas ter alguém que acredita na coisa, em carne e osso, do seu lado, trouxe algum conforto, pelo menos naquele momento.

Liguei pra Ela, que estava por perto e convidei para o café, queria que ela conhece tanto meu amigo, quanto o guerreiro do meu lado. Ela passou lá, apresentei para os colegas e fomos embora, não comentei nada disso com Ela claro, mas estava orgulhoso de tê-lo conhecido.

Fomos em direção ao carro deles, Ela já havia saído, meu amigo estava conversando com o cliente então fiquei só com o sócio dele e meu companheiro de guerra. Então que começamos a organizar uma vinda deles como mais tempo, que trouxesse a noiva para sairmos, coisa e tal. Nesse momento me surpreendi quando ele disse "Moço, não trago minha noiva não, olha aqui, até sem aliança, sua cidade tem mulher bonita demais. Inclusive tenho uma namoradinha aqui" nessa hora acho que olhei pra ele com os olhos arregaladíssimos e ele completou "Tem que ter cara?" e continuou dizendo coisas que não ouvi. Respondi com um sorriso totalmente amarelo de decepção, quase querendo dizer "NÃO TEM QUE TER NÃO PORRA!" Me senti apunhalado pelas costas, um agente da SS infiltrado no meu bairro Judeu.

Ele foi embora e levou com ele a toda a admiração conquistada facilmente. Eram só palavras, talvez para aparecer para o outro sujeito. Ou então, talvez ele realmente tenha escolhido a noiva como a mulher da vida dele, mas tenha uma visão deturpada do que é o amor. Uma visão moderna do "tem que ter outra namoradinha", "eu a amor mas tem que variar para manter o interesse" entre outras filosofias carnais e completamente tristes que a gente vê por aí e é aceita por grande parte da sociedade machista e agora vem sendo abraço por um punhado de mulheres.

Fiquei triste com a situação. Então me uma frase de Carpinejar que concordo plenamente e ilustra bem a cruel realidade:

"Hoje temos que justificar mais a fidelidade do que a infidelidade."

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