Estava eu no banco da praça do Coreto (toda cidade deve ter uma praça assim) curtindo uma sombra de uma árvore centenária.
Era mais um daqueles dias de Março em que chove, depois vem aquele Sol castigador que te leva pro clube, mas assim que você chega cai aquele aguaçeiro, então você arruma suas coisas entra no carro e vai embora, mal conseguindo enxergar de tanta chuva, ao parar o carro na porta da sua casa, lá vem o Sol radiante e aquele mormaço.
Voltando a praça, estava eu, solitário, pensando no ontem, brincando com as folhas que caíram sobre a mesinha de damas surradinha surradinha, pensando se eu ia pra casa ou ficava lá curtindo o vento e a brincadeira com as folhas.
Então notei, que no banco do lado, havia um casal de namorados, ela estava sentada normal no banco daqueles retos sem encosto, enquanto ele tinha sentado de frente pra ela, e colocado o queixo sobre o ombro dela. Entre um carinho e outro, eles conversavam sobre muita coisa, nem tudo eu ouvia, afinal, eu não estava lá pra bicar a intimidade dos dois. Mas um diálogo me chamou a atenção em particular:
Rapaz: - Amor, tem alguma coisa que a gente fazia antigamente que você sente saudade?
Moça: - Como assim?
Rapaz: - Ué, alguma coisa que a gente sempre fazia, que você sente saudade ou vontade de fazer... que tem muito tempo que a gente faz ué...
Ela fez uma cara (que o rapaz não viu, porque estava com o rosto nas costas dela) de tristeza e disse: - Nada...
Imediatamente o rapaz levantou a cabeça, com os olhos meio que lacrimejando e perguntou: -Nada????? Num misto de tristeza e surpresa, pois ao que me pareceu, ele esperava outra resposta.
A moça ainda sem ter a chance de ver o rosto de seu namorado, já que este, a abraçava, quase que impedindo que ela se virasse para ver seu rosto, tornou a repetir, quase que impiedosamente: - Nada, porque? E você?
O jovem apaixonado, baixou a cabeça e disse: À toa...só pra saber se você sentia saudade de algo, ou vontade de fazer algo que faziamos antes.
Ela perguntou: - E você? Sente?
Rapaz: - Não. Também não.
A moça não viu, mas o rosto de seu namorado não deixava dúvidas que sua última frase foi uma mentira, e as lágrimas que rapidamente ele enxugou me fizeram ir embora da praça.
Preferi o calor escaldante a ver alguém chorar por amor.
terça-feira, 23 de março de 2010
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2 pensamentos:
Que triste ! =/
Verdade é sempre bom né ?
As vezes eu minto para não magoar alguém, mas nisso quem acaba se magoando sou eu.
Coisas do amor.
BeijOs
Ps. Mandei o texto pro Thi, mas se tu quiser a versão que está no blog basta me falar que mando também. Achei melhor a outra 'crua' já que tu disse que iria fazer algumas alterações e tal.
;D
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